Pleonasmo: Mais Do Mesmo? – Blog Letraria – Pleonasmo: Mais do Mesmo?
-Blog Letraria. A pergunta ecoa, desafiando a percepção de que a repetição, em linguagem, seja sempre redundância. Nesta jornada pela Letraria, desvendaremos o pleonasmo, explorando sua riqueza estilística e sua capacidade de enriquecer, e não empobrecer, a expressão. Veremos como essa figura de linguagem, muitas vezes mal compreendida, pode ser uma ferramenta poderosa para a construção de imagens vívidas e mensagens memoráveis, desde a literatura clássica até as nuances da comunicação moderna.

De exemplos concretos em diferentes contextos – literatura, linguagem informal, publicidade – à distinção crucial entre pleonasmo e redundância, analisaremos como a escolha precisa das palavras, mesmo com repetições, pode moldar o impacto de uma frase, um parágrafo, uma obra inteira. A viagem nos levará por clássicos literários, explorando a maestria de autores que souberam usar o pleonasmo para criar efeitos únicos, e nos aproximará da linguagem contemporânea, questionando sua presença (ou ausência) nas redes sociais, jornais e demais plataformas digitais.

Prepare-se para uma imersão no mundo fascinante da linguagem, onde a repetição pode ser, surpreendentemente, a chave para a originalidade.

O que é Pleonasmo? Tipos e Exemplos: Pleonasmo: Mais Do Mesmo? – Blog Letraria

O pleonasmo, figura de linguagem que muitos consideram redundante, revela-se, na verdade, um recurso estilístico capaz de enriquecer a expressividade da escrita e da fala. Ao empregar palavras que, aparentemente, repetem a mesma ideia, o pleonasmo intensifica o significado, cria ênfase e imprime um ritmo particular ao texto. Sua utilização, contudo, requer sensibilidade e bom senso, pois o excesso pode tornar-se cansativo e prejudicar a clareza.

Vamos explorar seus diferentes matizes e o impacto em diversos contextos.

Tipos de Pleonasmo e Exemplos, Pleonasmo: Mais Do Mesmo? – Blog Letraria

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A riqueza do pleonasmo reside na sua variedade. Ele pode se manifestar de formas sutis ou mais evidentes, sempre com o objetivo de reforçar a mensagem. A seguir, uma tabela ilustra alguns tipos comuns, com exemplos que demonstram sua aplicação prática:

Tipo Definição Exemplo Efeito Estilístico
Pleonasmo Sintático Repetição de uma ideia por meio de palavras ou expressões de mesma raiz ou significado próximo, dentro de uma mesma oração. “Subiu para cima” ou “Desceu para baixo”. Reforça a ação, dando-lhe maior impacto e clareza.
Pleonasmo Semântico Combinação de palavras que, embora diferentes, expressam o mesmo conceito. “Lua cheia e redonda” ou “Entrar para dentro”. Intensifica a imagem, criando um efeito de redundância expressiva.
Pleonasmo Vicário Uso de um pronome ou advérbio para reforçar um termo já presente na frase. “Eu mesmo o vi” ou “Aqui mesmo perto”. Confere ênfase e realça a certeza da informação.
Pleonasmo Explicativo A adição de uma palavra ou frase para esclarecer ou detalhar o sentido de outra. “O livro, que é vermelho, está sobre a mesa” (onde “vermelho” explica o livro). Aumenta a clareza e a compreensão, evitando ambiguidades.

Pleonasmo em Diferentes Contextos

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A utilização do pleonasmo varia significativamente de acordo com o contexto. Na literatura clássica, ele contribui para a construção de imagens poéticas e vibrantes, conferindo ritmo e musicalidade ao texto. Observe-se, por exemplo, a força expressiva em versos épicos. Já na linguagem informal, o pleonasmo surge frequentemente como um recurso natural da oralidade, sem necessariamente carregar um peso estilístico consciente.

Em textos publicitários, ele pode ser empregado para criar slogans memoráveis e impactantes, apelando à repetição para fixar a mensagem na mente do consumidor. A sutileza e o impacto do pleonasmo dependem, portanto, da intenção comunicativa e do público-alvo.

Função Estilística do Pleonasmo em Textos Literários

Em textos literários, o pleonasmo transcende a simples redundância, tornando-se uma ferramenta poderosa para modelar a percepção do leitor. Ele pode criar efeitos de ritmo e sonoridade, construindo imagens mais nítidas e memoráveis. Ao intensificar emoções e sensações, o pleonasmo contribui para a construção de uma atmosfera única e envolvente, aproximando o leitor da experiência vivida pela personagem ou narrador.

Imagine a diferença entre “choveu muito” e “choveu uma chuva torrencial e incessante”: o pleonasmo, neste último caso, amplia a dimensão da chuva, intensificando a imagem e, consequentemente, o impacto emocional. A escolha cuidadosa do tipo de pleonasmo e sua inserção estratégica no texto garantem que ele se torne um recurso estilístico e não um vício de linguagem.

Pleonasmo e Redundância

A linha tênue que separa o pleonasmo da redundância muitas vezes se confunde em um jogo de palavras e sentidos. Ambos os recursos estilísticos se utilizam da repetição, mas com objetivos e efeitos distintos sobre a mensagem. Enquanto um pode realçar e intensificar, o outro pode obscurecer e até mesmo anular o significado pretendido. A chave para compreender a diferença reside na intenção do autor e no impacto final sobre o leitor.A distinção entre pleonasmo e redundância reside na sua função comunicativa.

O pleonasmo, empregado com maestria, adiciona ênfase e clareza, reforçando a mensagem de forma elegante e expressiva. A redundância, por sua vez, geralmente indica uma falta de precisão ou um descuido estilístico, acarretando em frases desnecessariamente longas e pouco eficazes. A semântica, nesse caso, torna-se crucial para diferenciar ambos os recursos.

Pleonasmo e Redundância: Nuances Semânticas e Estilísticas

O pleonasmo, em sua essência, é uma figura de linguagem que utiliza palavras redundantes para reforçar um conceito já expresso. No entanto, essa redundância não é gratuita; ela visa acentuar, intensificar ou clarificar um determinado aspecto da mensagem. A redundância, ao contrário, implica uma repetição desnecessária e sem valor expressivo, prejudicando a concisão e a clareza do texto. A diferença, portanto, se encontra na intenção comunicativa e no efeito produzido.

Um pleonasmo bem empregado enriquece o texto; uma redundância desnecessária o empobrece.

Exemplos de Pleonasmo Eficaz e Redundância Desnecessária

É importante observar exemplos práticos para compreender a sutil distinção entre ambos os recursos.

  • Pleonasmo eficaz: “Vi com meus próprios olhos a tragédia acontecer.” A repetição reforça a veracidade e a experiência direta do narrador.
  • Pleonasmo eficaz: “Subi para cima da montanha.” A repetição, embora redundante em termos estritamente semânticos, enfatiza a ação de subir a uma grande altitude.
  • Redundância desnecessária: “Ele saiu para fora da casa.” A preposição “para fora” é completamente redundante, já que “sair” já implica a ideia de movimento para fora.
  • Redundância desnecessária: “A reunião foi adiada para uma data posterior.” A expressão “data posterior” é redundante, pois adiar algo implica automaticamente um deslocamento para uma data futura.

Pleonasmo para Enfatizar e Redundância para Comprometer a Clareza

O pleonasmo pode ser uma ferramenta poderosa para intensificar a emoção ou a importância de uma ideia. A redundância, por outro lado, pode criar ambiguidade e dificultar a compreensão do texto.

  • Pleonasmo enfatizando a ideia: “Ela chorou lágrimas amargas de tristeza profunda.” A repetição intensifica a dor e a intensidade do sofrimento da personagem.
  • Redundância comprometendo a clareza: “Ele repetiu novamente a mesma informação várias vezes.” A repetição de “repetiu” e “novamente” e “várias vezes” torna a frase confusa e desnecessariamente longa.

Pleonasmo na Literatura e na Comunicação Moderna

A utilização do pleonasmo, embora muitas vezes considerado um vício de linguagem, possui uma rica história na literatura e uma presença, ainda que sutil, na comunicação contemporânea. Sua capacidade de reforçar ideias, criar ênfase e, até mesmo, gerar efeitos humorísticos, o torna uma ferramenta estilística com nuances que merecem ser exploradas. Observar sua trajetória, desde os clássicos até as redes sociais, revela a adaptabilidade e a persistência dessa figura de linguagem.O pleonasmo, ao longo da história da literatura, serviu como um recurso expressivo utilizado por grandes mestres da escrita para conferir musicalidade, ênfase e impacto emocional aos seus textos.

Sua presença não se limita a textos antigos; autores contemporâneos também o empregam, adaptando-o ao estilo e à mensagem que pretendem transmitir.

O Pleonasmo em Obras Literárias Consagradas

A força expressiva do pleonasmo é perceptível em obras literárias de diferentes épocas e estilos. Em Camões, por exemplo, a repetição enfática de ideias contribui para a construção de imagens grandiosas e memoráveis em Os Lusíadas. A repetição não é meramente ornamental, mas sim um recurso que intensifica o significado e a emoção da narrativa. Observemos, por exemplo, a força poética na frase: “Vi, e vi claramente, a fúria do mar”.

A repetição de “vi” não é redundante, mas sim uma estratégia para enfatizar a intensidade da experiência do narrador. Da mesma forma, autores como Machado de Assis, apesar de sua escrita concisa, utilizam o pleonasmo com parcimônia, mas com efeito marcante, para criar ênfase ou ironia sutil em suas narrativas. Em seus contos e romances, a repetição de palavras ou ideias, muitas vezes, revela camadas de significado que passariam despercebidas sem esse recurso estilístico.

Um exemplo sutil, mas eficaz, poderia ser encontrado na repetição de adjetivos que caracterizam um personagem, reforçando traços de personalidade.

O Pleonasmo na Comunicação Moderna

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Na comunicação moderna, a presença do pleonasmo é mais discreta e contextual. Nas redes sociais, por exemplo, o pleonasmo pode ser encontrado em expressões coloquiais, como “subir para cima” ou “descer para baixo”, utilizadas para reforçar a mensagem e criar um tom informal e próximo ao leitor. Já em jornais e reportagens, o uso do pleonasmo é geralmente evitado, pois a clareza e a concisão são valores primordiais nesse tipo de comunicação.

A linguagem jornalística busca a objetividade, e o pleonasmo, em sua maioria, é considerado um recurso que compromete a eficiência da comunicação. Entretanto, em alguns casos específicos, o pleonasmo pode ser usado para criar um efeito de ênfase, particularmente em manchetes ou títulos, buscando atrair a atenção do leitor. A adequação do pleonasmo, portanto, depende fortemente do contexto e do objetivo comunicacional.

O Pleonasmo como Recurso Humorístico e Irônico

O pleonasmo, quando utilizado de forma consciente e estratégica, pode ser uma ferramenta poderosa para criar efeitos de humor ou ironia. A repetição intencional de ideias, especialmente quando empregada em situações inusitadas ou absurdas, pode gerar um efeito cômico. Observe o exemplo a seguir:

“Saiu para fora e voltou para dentro.”

A aparente redundância da frase cria um efeito humorístico, destacando a inutilidade ou o absurdo da ação descrita. Outro exemplo interessante seria:

“Ele subiu para cima da montanha, e lá do alto, ele olhou para baixo.”

Aqui, a repetição acentua a grandiosidade do cenário, mas também pode gerar uma leve ironia, dependendo do contexto. A utilização do pleonasmo para fins humorísticos exige, no entanto, um certo cuidado e sensibilidade por parte do autor, para que o efeito desejado seja alcançado sem que a mensagem se torne confusa ou pretensiosa.

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Last Update: November 20, 2024